Onde você estava há oito anos? Enquanto fazia as malas para uma
temporada com a seleção brasileira, Alex Santana talvez se lembre desse
período, do tempo e lugar onde conseguiu o apelido de Muralha. Longe dos
holofotes que a seleção atrai – com direito a coletiva de imprensa
internacional – o hoje goleiro do Flamengo tem na carreira um clube
omitido em seu currículo nas páginas pela internet: o modesto Serrano
(hoje Prudentópolis FC) do Paraná. Foi lá, em 2008, que ele teve suas
primeiras chances como profissional.
"Na época a gente fez um
contrato de seis meses para o campeonato e ele devia ganhar uns 200
reais como ajuda de custo. A gente estava iniciando o clube, não tinha
recursos", contou o ex-presidente do Prudentópolis – hoje na primeira
divisão paranaense – Valdir Luiz Canini. O valor era menor que o salário
mínimo à época, R$ 415,00. Cifras bem distantes das de hoje no
Flamengo, morando no Rio de Janeiro.
"Ele morava no alojamento
do estádio mesmo, era bem simples. Hoje foi melhorado. Eram dois
beliches por quarto, refeitório do lado. Morava e comia ali", completa o
cartola. Eram tempos bicudos para Alex Santana, futuro Muralha. Mas
estava pior antes de chegar ao alojamento do Newton Agibert, estádio
para 3 mil pessoas que pertence a prefeitura de Prudentópolis.
Aos 19 anos, ele encontrou refúgio no clube da cidade de pouco mais de
50 mil habitantes, distante 180 km da capital Curitiba. Nascido em Três
Corações assim como Pelé, Alex Muralha foi ser juvenil no Paraná Clube,
então vivendo a turbulência de quem havia jogado a Libertadores e sido
rebaixado para a Série B em 2007. Acabou dispensado antes de se
profissionalizar. Foi então que surgiu o antigo Serrano.
"Nós profissionalizamos o clube, que tinha disputado o Paranaense
sub-20 e montamos a base só com jovens para 3ª divisão. Estávamos atrás
de um goleiro e ele tinha sido dispensado do Paraná Clube. Veio para cá,
fez um teste, foi bem e ficou", relembra Canini. O Serrano ganhou a
terceira divisão do Paraná, primeiro título de Muralha. "Havia outro
titular no gol, mas ele depois ele jogou na campanha", conta o
dirigente.
"O futebol dá essa oportunidade de as coisas mudarem
da noite para o dia. Estou levando numa boa, estou muito feliz na minha
vida e na minha carreira", contou Muralha na coletiva de imprensa com a
camisa do Brasil em Natal, na última segunda-feira (03). De azul,
Muralha voltou a vestir uma das cores do clube que o dispensou em 2008.
"Eu achei ele em Mandaguari (região metropolitana de Maringá, no
noroeste do Paraná), numa peneirada. Fui buscar outro jogador e vi ele
treinando, convidei na hora. Depois tudo mudou no clube, saí e não soube
mais dele. Só que havia sido dispensado", relata Ary Marques, hoje
técnico de futebol, na época coordenador da base do Paraná Clube.
Naquele ano, Paraná e Flamengo se enfrentaram na Libertadores. Talvez
Alex Santana ainda não imaginava pegar a vaga que era de Bruno, cuja
história é conhecida.
Foi com o treinador de goleiros Cotia que
Santana deu lugar a Muralha no nome de Alex. Esse é o apelido do
preparador dele na época no Serrano. O pupilo de Cotia – a Muralha - foi
assumindo o apelido nos treinos, rememora Canini: "Nos trabalhos de
chute a gol ele era uma muralha, não deixava passar nada. Aí começaram a
dizer, 'parece uma muralha, parece uma muralha!' Pegou".
Ao
final daquele campeonato com o título paranaense da terceira divisão,
Muralha deixou o clube. Rodou pelo interior de São Paulo, passou pelo
Japão e foi brilhar no Figueirense. Dali para o Flamengo e agora para a
Seleção Brasileira. Tudo em oito anos. E você, onde estava oito anos
atrás?
Fonte: Uol
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